terça-feira, 9 de março de 2010

Diga-me, o que é um portal?

Quando era criança, é nem faz tanto tempo assim, ouvia meu pai dizer no carro que iríamos passar pelo portal de São José dos Pinhais ou então, pelo portal de Santa Felicidade.

Antigamente, e creio que até hoje em cidades melhores, os portais são monumentos que anunciam ao viajante que ele está chegando ou entrando em determinada cidade ou bairro de uma cidade. E os moradores geralmente sentem muito orgulho das obras, que também geralmente são majestosas e feitas com bastante dinheiro público.


Porém a palavra portal ganhou com o passar do tempo outro significado. Esse significado é até difícil de escrever pois portal hoje é um sítio na internet, controlado por uma empresa que gera conteúdo e que fornece a autenticação para o acesso à internet.


Vamos aos exemplos: UOL –Universo online, da editora Abril, o TERRA, o GLOBO, IG, POP, AOL (só fora do brasil mesmo), MSN, YAHOO e tantos outros por aí afora.


Mas é ignorância de minha parte chamar um portal de sítio da internet. É muito mais que isso. É um portal... Nele você encontrará textos sobre gastronomia, adolescentes, sexo, fotos, sexo, notícias locais, notícias nacionais, internacionais, sexo novamente, e mais notícias e mais editorias e mais isso, mais aquilo.


No apelo comercial, os grandes portais sempre se anunciam como algo que não pode faltar na sua casa. Talvez o arroz da internet, ou então, o feijão da informação. O ovo, o bife ou a batata frita, são outros sites menores e claro, menos importantes, apenas misturas.


E aí, assim como eu, você é levado a pensar em um mundo diante de sua tela. Você navega pelo planeta em seu computador. E finalmente assina um portal. Não é caro, normalmente se você assinar fidelidade, paga 7,90 nos três primeiros meses, 14,90 nos outros 3 meses e depois, paga só 19,90 para ter acesso a todo o conteúdo. Apenas 20 reais por mês para poder navegar por tudo que eu quiser?


Ah sim, isso é lindo. Mas existe uma contra partida muito forte. Independente do provedor que você contrate, ou do portal ou qualquer coisa assim, você sempre terá acesso a diversas outras fontes de informação, igualmente precárias, tendenciosas e feitas por gente que acredita na ampla democracia que a WEB prometeu trazer.


Se antes as informações estavam disponíveis em grandiosas e fedidas bibliotecas, nos manuais, enciclopédias e sei lá mais onde, hoje, você não precisa sair de casa para pesquisar sobre os fungos que atacam os olhos do cavalo cor-de-rosa alazão do lado escuro de júpiter. Alguém já foi lá e postou num site, num blog ou no twitter. Mas os portais trarão isso de forma mais mastigada e com muitos links para você, querido assinante.


E é justamente aqui que começa meu questionamento sobre tudo isso. Até que ponto eu devo considerar bom, benéfico receber uma informação já tratada ou determinada por alguém. Ainda mais, num ambiente tido como o mais democrático do planeta. Ainda, creio que ainda, temos princípios que norteiam a existências desses grandes portais. Porém, a ética, é tão subjetiva quanto prática – tem quem quer, usa que quer e tá tudo certo.


Nos portais, encontramos de tudo e aí chega um novo chefe, colorido, que se propõe a encontrar apenas o que você quer nos portais e te apresenta isso como se fosse um prato lindo de um chef Frances. Um robô que busca as informações que você gostaria de ler, assistir, ouvir, separados para você...


Chamamos isso de democracia? Sim, é uma democracia, afinal de contas ninguém exige que você use qualquer desses serviços. É como a história do cigarro, ninguém te obriga a fumar, fuma porque quer.

Os portais existem para suprir necessidades humanas de acesso a informação. Eu só não sei se a hora que esse generalismo desenfreado completar 30 anos, o ser humano ainda saberá ser mais especialista em algo. Ou então, se ainda terá condições cerebrais de guardar um volume de informação maior do que os 140 caracteres!!!


Ou então, se ele saberá algo mais do que um sítio da internet.com.qualquer coisa.


Democrático? Perigoso? Assustador? Formador?


Isso... Apenas um portal de conteúdo...


E na verdade, assim como a Rede Globo de Televisão, a culpa é de quem: do portal que existe ou das pessoas que fazem uso dele? Somos carentes da informação que esses sítios nos dão, ou somos vítimas dessas empresas, ou da internet...


A discussão continua...