quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A primeira vez a gente nunca esqueçe

Eu nunca esqueci da primeira vez que um alguém chegou e me falou sobre a teoria da conspiração. Eu fiquei perdido, sem saber em quem mais acreditar. Naquela época eu era mórmon e me firmei em todas as questões religiosas que me cercavam e de certa forma, encontrei conforto.

Esse mesmo conforto iria embora mais tarde quando justamente no mormonismo eu encontrei uma fonte de críticas. Eu não sabia mais como conviver naquela comunidade, mesmo tendo um grande sentimento por uma pessoa. Estar ali, viver ali, usar terno todos os domingos, chamar todos de irmão, e ainda, ser hipócrita o suficiente de convencer a todos que eu não queria fazer sexo antes do casamento, que eu queria fazer uma missão de 2 anos, provavelmente no nordeste brasileiro, que eu não queria fumar aquele delicioso malboro ou então, não tomar aquela cervejinha gelada!

Ilustrando o que passou, voltemos a condição da teoria da conspiração. Ser mórmon, para mim, foi parte de estar dentro dessa teoria. Aliás, ainda bem que hoje estou livre disso, eu acho.

Qualquer brasileiro e também pessoas de outros países já devem ter assistido um trecho de qualquer programa da rede globo de televisão, empresa que pertence ao grupo globo de comunicação e que detem a comunicação televisiva até hoje no brasil. Não a toa, essa emissora tem a maior quantidade de verba do governo, puxa saco de quem bem entende e assume posturas um tanto discutíveis com relação a temas complexos.

Assim como a globo, ser batizado em alguma igreja, seja ela qual for, é estar diretamente envolvido numa teoria conspiratória existencial. São frases como: “deus criou o mundo em 6 dias e no 7º descansou”, “você deve orar e se comunicar com deus”, “deus escreve certo por linhas tortar”, uma famosa nos mórmons é que você “deve manter a castidade” pois deus diz que isso deve ser feito ou então “que você deve sair dois anos, servir ao senhor e cumprir com sua obrigação de filho do senhor em arrebanhar novos membros”.

São coisas que somos praticamente obrigados a aceitar. Não nos é oferecida outra opção, outra verdade ou simplesmente o poder da escolha. Você precisa escolher entre viver na linha ou esperar o castigo de deus. E ninguém quer ir para o inferno, certo?

Seja o inferno da igreja ou o aquecimento global da rede globo de televisão, o importante é justamente saber que ao aceitarmos, estamos fazendo parte dessa teoria conspiratória.

Um exemplo: na rede globo não é comum falar em aborto e quando se fala, é incrível como aparecem mais entrevistas de pessoas contra do que de pessoas a favor. Isso é parte de um todo.

Esse exemplo foi usado para demonstrar como um assunto pode ser tratado e manipulado para que as pessoas acreditem em algo sem realmente refletir com mais profundidade o assunto.

Analisando o crescimento da globo, pode-se observar que durante a ditadura militar, seu crescimento e desenvolvimento foi realmente expressivo. Mas isso já passou e somos obrigados a conviver com seu jornalismo medíocre, com suas novelas e com tudo mais que ela produz. Se é bom ou ruim? Eu diria que é um bolo lindo de se ver e amargo de se engolir!

Esse meu texto tem como objetivo principal tratar de uma parte da globo que sinceramente está me preocupando muito: aquecimento global. Hoje, o talvez pior programa que a globo coloca no ar é um folhetim de domingo chamado Fantástico. Já foi, hoje o fantástico luta para dividir sua audiência nunca antes vista tão baixa com programas como silvio santos ou a construção de um sonho do gugu.

Mesmo assim, com essa resposta do público sobre sua qualidade duvidosa, o fantástico está insistindo em tratar do tema aquecimento global. E não apenas trazendo um ponto e um contra ponto, mas sim, trazendo apenas a verdade que a globo considera ser verdade. Estão criando uma paranoia nos poucos que estão assistindo esse programa.

É costume da globo criar esse tipo de sentimento de verdade, mas dessa vez, com o uso de outro meio de comunicação, a casa está por cair. Na internet já é possível encontrar o contra ponto para a globo. Existem muitos cientistas que estão, de forma ainda mais embasada que os outros, demonstrando que o aquecimento global é apenas uma paranoia, apenas parte de um projeto de uma conspiração.

Por que a globo não demonstra esse contra ponto? Ah, porque o interesse é outro!

Afinal de contas, seria pertinente para uma emissora como essa ter que assumir que errou feio quando nos encheu de informações, senão erradas, contraditórias? Quem está mais habituado a observar para criticar pode relatar que a a globo está perdendo sua audiência, sua qualidade e sua capacidade de mudar. O império, não está contra-atacando mais... hehhee com o perdão do trocadilho.

A família marinho já não é mais o que foi um dia. Nem mesmo sua campanha contra o aquecimento global, que causa medos, está emplacando. A internet provavelmente chegou e está incomodando muito. Lembra-se que você ficava com seu pai assistindo o Fantástico no domingo a noite?

Na minha casa, era hora de comer o cachorro quente, não faltava nunca pão, vina e claro, a maionese que meu pai adora. Era um momento mágico, assistíamos ao fantástico, comíamos o cachorro quente e chegávamos na escola loucos para contar o que tínhamos visto.

Hoje em dia, mal e porcamente meu pai assiste, dos 5 lá de casa, é apenas ele. Não sobra mais espaço. E a internet é parte disso. Normalmente no domingo a noite as televisões, aqui em casa são 4, estão ligadas em outros canais ou ainda, desligadas.

E como eu também não quero me tornar um conspirador, eu vou propor o seguinte. A proxima vez que você assistir uma matéria, seja na globo, na record ou no sbt, pesquise durante 10 minutos na internet e surpreenda-se com os resultados.

O famoso aquecimento global defendido pela globo e no ultimo domingo pelo gugu numa matéria especial de vários assntos está caindo por terra. Já não existem tantas provas contundentes quanto existiam há 6 meses. A casa está começando a cair...

Se o jornalismo da globo fosse um sorvete, poderíamos dizer que ele está começando a derreter, mas está derretendo muito mais rápido que as caloras polares...

Fique atento, na verdade, em todos lugares tem alguém conspirando uma teoria contra você, eu e todos nós.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

American Idol, Ídolos e o carro do sonho que está passando

Em janeiro começa na América do Norte a nona temporada do American Idol. Para quem ainda não sabe do que estou falando, trata-se de um show de calouros como aquele do Sílvio Santos numa versão up to date. Em outras palavras, seu objetivo é o de produzir “celebridades” instantânea para serem esquecidas mais rapidamente do que aquelas bandas-de-um-só-sucesso, que ao menos tem suas músicas tocadas na rádio exaustivemente durante um mês inteiro. Em resumo, o show é mais um dos formatos que surgiram para validar a profecia de Andy Warhol, que dizia que no futuro todo mundo seria famoso por 15 minutos.

Profecias a parte, o programa é sucesso de audiência e embora não seja nenhuma novidade sua fórmula foi exportada para diversos países, incluindo o Brasil, onde o programa recebeu a alcunha de “Ídolos”. É claro que, como todo bom elitista, eu nunca assisti a nenhuma das duas versoes. O fato é que a televisão estava sempre ligada na hora do “show” e como eu estava sempre no sofá nesse exato momento, me deixava levar e assistia o embate musical entre os futuros Roberto Carlos e Madonnas que transbordavam originalidade a cada canção.

O loser versus o popular

A verdade é que apesar da sua falta de originalidade, o programa é muito mais do que aparenta. Não sejamos superficiais, acreditando que estamos vendo apenas um grupo de desconhecidos que têm por objetivos se tornarem ídolos interpretando cançoes escritas pelos outros. O fato é que tanto Ídolos quanto American Idol são excelentes exercícios de antropologia cultural. O que o show nos proporciona é um retrato interessante das diferenças entre as culturas brasileira e norte-americana. Trata-se pura e simplesmente da celebração do loser (perdedor) versus a celebração do popular.

As duas versoes nada mais são do que dois lados de duas moedas diferentes. Explico: Os produtores brasileiros privilegiam o rídiculo. Dão destaque para aquele cidadão sem o mínimo talento cujo objetivo é apenas aparecer na televisão e ser visto pela família e pela vizinhança. A produção estado-unidense, por outro lado, destaca o rostinho bonito e o talento (mesmo que este último conceito seja altamente discutível). Em resumo, o que vemos é uma repetição de padroes sociais e mediáticos, que colocam de um lado o feio e o desajustado contra a menina líder de torcida e o garoto rico que faz parte da equipe de futebol americano. Uma briga desleal. Mas será mesmo?

Primeiro ponto : É triste estar inserido em uma cultura que celebra o grotesco, o perdedor e que não se valoriza. Assistir pessoas cantando o hino nacional de forma errada é deprimente para uma minoria, mas infelizmente é divertimento garantido para a maioria. E é nisso que a nossa televisão aposta : nos bufoes, no entretenimento passageiro. E todos sabem disso. A TV nos Estados Unidos não. Ela também tem seus bobos da corte mas é bem explícita em um ponto: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. A divisão entre o show do bufão e o show dos talentos é clara, muito mais perceptível. É só comparar o espaço destinado aos engraçadinhos com o espaço ocupado pelos “reais” talentos.

E embora pareça simples, a visão que os produtores estadunidenses dão ao American Idol é um pouco mais complexa. Ao valorizar os talentos eles reforçam o domínio da líder de torcida e do jogador de futebol americano, a supremacia do status quo. Não existe lugar para perdedores. É claro que isso é pura hipocrisia. Todos sabem que é apenas o carro do sonho passando e quando você menos espera, ele já passou.

Isso não significa que um modelo seja melhor ou pior do que o outro. Cada um serve, à sua maneira, para reforçar o padrão estabelecido. O Ídolos está aí para mostrar que a estima do brasileiro ainda anda em baixa e que se tem uma coisa que sabemos fazer é rir da própria desgraça. Ao menos nós somos honestos, não prometemos nada mais que 15 minutos.