sexta-feira, 9 de abril de 2010

Desespero

Quando estudamos comunicação, um dos fatores interessantes é que a cada novo tipo de veículo de comunicação, anuncia-se a morte de outro. Quando o rádio apareceu, o jornal escrito estava fadado ao esquecimento.

Quando a tv surgiu, além do jornal escrito estar ainda vivo e servir de pauta para o rádio, ambos foram sentenciados a morte. E o mesmo aconteceu com a internet, que chegou para matar os ainda vivos. Jornal escrito, rádio, tv e internet ainda coexistem como fontes jornalisticas de informação, mesmo em 2010 e com toda tecnologia já existente.

Mas desses todos, um veículo está sentindo a pressão de forma mais contundente. A tv! Quando você verifica alguns números, percebe que há alguns anos, a televisão está perdendo em audiência e também em dinheiro que chega dos patrocinadores. A internet parece mesmo ter criado uma barreira para o desenvolvimento das televisões, sempre cheias de novelas, jornais superficiais e tudo mais.

Um exemplo disso é o desastre que ocorreu em Niterói, no RJ. O morro veio abaixo, pois antes de ser um morro aquele local era um depósito de lixo, que alguns chamam de aterro sanitário, outros de lixão.

O que fizeram algumas emissoras, falarei da Band e da Globo? Enviaram seus âncoras de telejornais para âncorarem diretamente do local da suposta trajédia anunciada. Fátima Bernardes e Ricardo Boechadt tiveram que improvisar ao vivo, com delay e tudo mais para que suas emissoras ficassem em primeiro lugar na audiência.

É como comentei, a internet está quebrando as barreiras e colocando as televisões como meras coadjuvantes no consumo do produto notícia. Antes mesmo que Ricardo e Fátima, diga-se de passagem são excelentes jornalistas, chegassem ao local, o twitter e sua massiva capacidade de encurtar e facilitar as coisas já tinha estado lá. Estado e ficado, afinal de contas, qualquer um pode contar fatos em 140 caracteres.

Mas?!

Não, nobre leitor, não tem mas! Quem acessa a internet para achar informações vai se deparar com milhares de notícias sobre uma mesma coisa. Uma delas mata 150, a outra, mata 200, tem uma terceira que mata só 119. É algum problema isso?

Não de novo. O que querem os consumidores de notícias hoje? Querem exatamente isso, fazer de conta que entendem o que alguém faz de conta que sabe que escreve e que faz de conta que investigou, que aprofundou o assunto. É irônico saber que a internet é o veículo mais rápido hoje e também o mais superficial. Se antes, nas redações alguém se importava em pesquisar e investigar, hoje, grandes jornais se apoiam em colaboradores via twitter que nem se quer chegam perto de um evento para saber o que aconteceu.

É exatamente o pacto. Eu faço o que você quer. Um jornalismo medíocre para pessoas também medíocres. Ou seja, estão deixando a tv de lado, ao que tudo indica, porque as matérias e materiais produzidos estão longos e densos demais.

Quer moleza?