quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Quem a gente informa?

Em 2010, a empresa que eu trabalho resolveu não presentear seus funcionários com a maravilhosa agenda de todos os dias e o calendário de mesa com fotos de pessoas lindas e sorridentes. E isso foi muito chato, pois tem coisas ainda mais chatas que eu ainda anoto na agenda de papel. Afinal, o ciclo produtivo do papel é tão imenso que não serei eu a propor algum tipo de mudança.

Mas o foco do texto é a agenda. Um amigo, o Verde, chegou um dia em minha sala, entregou uma para a roteirista que não está mais na casa e outra para mim. Extrema surpresa, vez que eu não esperava isso. Mas aceitei, pois afinal de contas, não se ganha uma agenda todos os anos, o grupo uninter que o diga, né grupo... Mas a agenda é da Fundação Biblioteca Nacional. E folhando algumas páginas pude perceber alguns relatos históricos como capas de jornais e coisas e tal.

Uma dessas capas me chamou a atenção. Trata-se da primeira página da edição numero 22.650, do dia 28 de novembro de 1995 do jornal O GLOBO. Por questões óbvias eu não colocarei a capa aqui, mas se puder procure. Ela estampava uma área branca, com PAZ escrito em letras garrafais e uma explicação sobre uma caminhada – Reage Rio – contra a violência.

Aí eu parei para me perguntar algumas coisas. A primeira delas é: qual é o papel da imprensa, do jornalista enfim, de quem informa?

Pois se em 1995 já tinha uma campanha dessa num jornal como esse e a violência só continuo aumentando, sou levado a crer que essa porcaria de capa não serviu para coisa alguma a não ser, enfeitar os arquivos da biblioteca nacional.

Sou levado a acreditar que pensar em comunicação é quase como pensar na verdade da bíblia. Para que gastamos 4 anos ou mais estudando a comunicação, as estratégias da comunicação e tudo que envolve comunicação se na verdade comunicamos para medíocres e reles mortais semialfabetizados?

Até acredito que entre 10, 1 saiba ao mesmo ler e entender, mas isso não muda absolutamente nada. O que precisaria mudar é a grande massa, são os 9 em cada 10. Se uma capa dessa viesse hoje em dia, chocaria muito mais, mas com toda certeza o efeito prático seria nula como já foi. Hoje, quantos morrem e seus corpos aparecem na televisão, e isso ajuda de alguma forma?

Mesmo quando o desgraçado aparece morrendo, não adianta nada, absolutamente nada.

Para que comunicar então?

Se você tiver oportunidade de ver essa capa, ótimo! Se não, imagina apenas o branco com o escrito em preto: PAZ: a cidade de une hoje contra a violência, na caminhada Reage Rio, a partir das 16h, da Candelária à Cinelândia.

Enfim, lindo e belo, referencia, mas o que isso ajudou ou mudou?

É o que eu te pergunto. Quem a gente informa?

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